terça-feira, 1 de abril de 2008

Poesia de verdade de vez em aundo faz bem

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Luana Borges disse...

Pois é lindeza, já dizia bentinho, o famoso casmurro, que, apesar de ensimesmado até que tinha suas razões: "Antes a falta dos outros que a falta de mim mesmo". É no mínimo algo a se pensar, não?

Luana Borges disse...

Pois é lindeza, já dizia bentinho, o famoso casmurro, que, apesar de ensimesmado até que tinha suas razões: "Antes a falta dos outros que a falta de mim mesmo". É no mínimo algo a se pensar, não?