quarta-feira, 19 de novembro de 2008

amigo...

Tenho um amigo de vida toda.
Ele acompanhava minha família
virou meu amigo e me acompanha hoje também.

Quando eu era criança, ele era mais flexível
mais carinhoso e mais tranquilo.
Não brigávamos tanto.

Quando fiquei adolescente, a coisa começou a mudar.
Ele, muito amigo do meu pai,
não me deixava das festas tarde voltar.

Depois que fui morar sozinha, achei que iria melhorar.
Que nada!
Hoje vira e mexe a gente começa a brigar.
Eu quero fazer muitas coisas, mas ele não se cansa,
não quer deixar.
Eu falo pra ele:
Meu bem, tenho que acordar, malhar, trabalhar, estudar
tenho que da casa cuidar, roupa lavar
conversas pra ter, família pra visitar
e as vezes até tento namorar.
Mas ele é implacável.
Não volta a trás de maneira nenhuma, é teimoso.
As vezes até meio perigoso, pois as vezes gosta de assustar.
Ultimamente não me deixa dormir e nem descansar.
Eu tenho falado com ele,
implorado pra se flexibilizar.
Ele diz que somos todos iguais,
que se ceder pra um
terá que ceder pra todos,
e assim vai se complicar.
Eu então, fico chateada triste, mas não consigo mais nada falar.
Eu também entendo o lado dele.
Ele é todo cheio de regras e também não pode atrasar.
A vida é assim mesmo, então
sei que meu amigo relógio não vai deixar de me acompanhar...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

o coração tá cansado

E quando o coração cansa de amar
cansa de sofrer
cansa de acreditar?

e quando o coração cansa de dizer que tudo vai acabar bem,
simplesmente porque quer colo
aconchego
quer ficar todo cheinho sem precisar de batalhar tanto?

A cabeça sabe, que tudo vai passar
as coisas vão melhorar
e a vida vai seguir

mas ainda sim o coração tá cansado.

Tá cansado da dúvida, da incerteza
das paixões e despaixões
das amizades e desamizades
dessa vida louca de desencontros

o coração tá assustado
por que está só
mesmo acompanhado.

o coração tá cansado de sorrir chorando
tá cansado de ouvir e não falar
de gritar e não perceber a voz sair

o coração quer a mamãe, o papai e o irmãozinho
mas não pode deixar o corpo sozinho...

mas ele tá cansado,
tanto que está até correndo pra ver se chega mais depressa ao final.

olhos de vidro

perder-se nas próprias palavras do pensamento
e não saber identificar o que é uma grande história, uma grande realidade
ou a união das duas

sentir saudades do tempo em que tinha o colo da mamãe
e os ouvidos do papai a todo instante

vontade de perder-se nas próprias lágrimas
no rio que escorre
e em algum momento deságua no mar

Pedir socorro, gritar mil vezes
mesmo sabendo que em toda praia terá um salva vidas pra te capturar

o medo treme e bate mais forte
o caminho certo aparecerá
mas a encruzilhada é cruel e não se sabe onde vai chegar
o olhar perdido enbtre as estrelas não identifica o que é um planeta lunar

a corrida é contínua, louca avalassadora
enquanto quer-se apenas o lar...
não sei neste momento quem sou, quem serei e nem por onde andar
sei que as respostas virão, mas não deixo de duvidar
sou a eterna menina perdida
apenas vendo as outras bem distant6es
brincar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

as vezes assim no vazio do silÊncio
vem um vento e bagunça
os pensamentos que se construíam

A roda desmancha-se
E não se sabe mais
Se o quadro são dois triângulos,
Ou se é a união de duas duplas de linhas em 90° o par.

SILOS

Lembro-me dos silos da roça, lá em Cajuru.
São lembranças do cheiro verde da silagem sendo socada pelo cavalo guiado por mim
Sob olhar atento do papai.

Minha mãe vivia reclamando porque precisava da minha ajuda na cozinha
no preparo do almoço pra tantos homens fortes e famintos.
A casa ficava cheia, todos se espalhavam pelo passeio,
Escadas ou banquinhos pelo quintal.
Apesar do trabalho árduo, todos comiam felizes
E contavam causos.
Eu ficava ali, curiosa, ouvindo alguns aqui, outros lá
Dividia-me entre ajudar mamãe, andar de trator com o irmão
Ou ficar sobre o cavalo com orgulho de ajudar meu pai.
Homem forte e valente,
Trabalhava de baixo de sol ou chuva.
Acordava às 4 da manhã, na segunda e no domingo.
E naquele momento, era o único do ano que eu me via ajudando-o efetivamente.
Sentia orgulho.

Aqueles silos, que também eram esconderijos no “pique-esconde”,
Armazenaram mais que alimento para o gado.
Guardaram minhas risadas nas guerrinhas de sabugo,
Minha esperança ao vê-lo encher, esvaziar e no momento certo se encher novamente.
Prenderam minha saudade da terra
O orgulho do trabalho árduo da fazenda
E a vontade de ajudar naquela empreitada.
Aqueles silos tornaram-se símbolos de felicidade
De rostos comuns que foram fotografados pelo meu cérebro
E hoje me faz sentir-me inútil tentando traduzir o indizível.
Resta-me apenas o suspiro: que saudade daqueles silos!

domingo, 2 de novembro de 2008

Aniversário

Olho pra trás e lembro-me de tudo que passou
dos sorrisos escondidos, atravessados ou escancarados
as lágrimas quentes, sensíveis e injustas.
O olhar crédulo, incrédulo, e esperançoso.
O olhar de quem sonha, acredita e luta.
Lembro-me dos maiores tesouros
que fizeram companhia, ajudaram, lamentaram, apenas passaram
ou que nunca me deixaram só.
Vejo o filme passar: a família se diluindo e se refazendo
recomeçando e esquecendo ou apenas construindo.
Vi crianças nascerem, crescerem e morrerem.
Tive grandes amigos, grandes histórias
muitos namoros, muitas paixões
muita esperança e algum resultado.
Muito trabalho, persistência e personalidade.
Muita alegria, nervosismo e vontade.
Incentivo, apoio e energia.
Muita fé em Deus,
e sensibilidade ...
Muitos desafios, defeitos e até engenuidade...

DEPOIS...

Depois dos 18 tudo passa
Passa a ilusão, passa a garra
passa até a esperança
O trabalho começa a ficar árduo
Os amigos mais distantes
A família inicia as cobranças
e os olhos perdem-se dentre as confusões
que até um dia atrás, em seus 17 anos
sujavam as calças.
É por isso que quero continuar criança, mesmo que com meus 80 anos.

vida davi

A vida é cheia de gratas surpresas,
as pessoas caem, levantam-se
encontram-se, desencontram-se e reencontram-se.
As pessoas passam, marcam e permanecem
mesmo que apenas na memória e no coração.

A vida é uma roda gigante e uma montanha russa.
Giramos, voltamos ao mesmo lugar, vemos tudo ao nosso redor
temos altos, baixos, ficamos de cabeça pra baixo
sentimos medo e damos boas gargalhadas...

A vida é indescritível e o ser humano insitente
em tentar desvendá-la
é iguaal e diferente pra todos
pois é contituida de uma multidão de unicidades.