terça-feira, 11 de novembro de 2008

SILOS

Lembro-me dos silos da roça, lá em Cajuru.
São lembranças do cheiro verde da silagem sendo socada pelo cavalo guiado por mim
Sob olhar atento do papai.

Minha mãe vivia reclamando porque precisava da minha ajuda na cozinha
no preparo do almoço pra tantos homens fortes e famintos.
A casa ficava cheia, todos se espalhavam pelo passeio,
Escadas ou banquinhos pelo quintal.
Apesar do trabalho árduo, todos comiam felizes
E contavam causos.
Eu ficava ali, curiosa, ouvindo alguns aqui, outros lá
Dividia-me entre ajudar mamãe, andar de trator com o irmão
Ou ficar sobre o cavalo com orgulho de ajudar meu pai.
Homem forte e valente,
Trabalhava de baixo de sol ou chuva.
Acordava às 4 da manhã, na segunda e no domingo.
E naquele momento, era o único do ano que eu me via ajudando-o efetivamente.
Sentia orgulho.

Aqueles silos, que também eram esconderijos no “pique-esconde”,
Armazenaram mais que alimento para o gado.
Guardaram minhas risadas nas guerrinhas de sabugo,
Minha esperança ao vê-lo encher, esvaziar e no momento certo se encher novamente.
Prenderam minha saudade da terra
O orgulho do trabalho árduo da fazenda
E a vontade de ajudar naquela empreitada.
Aqueles silos tornaram-se símbolos de felicidade
De rostos comuns que foram fotografados pelo meu cérebro
E hoje me faz sentir-me inútil tentando traduzir o indizível.
Resta-me apenas o suspiro: que saudade daqueles silos!

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